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terça-feira, 7 de julho de 2009

Na história das epidemias, até salmonela já foi grande vilã

Peste negra devastou um terço da população europeia na Idade Média.
Conheça algumas das principais epidemias já enfrentadas pelo homem.

Imagem da época mostra padre abençoando doentes de peste (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Epidemias, como a recente gripe suína , causam pânico, preocupação e mortes. Sempre foi assim, desde que o homem começou a conviver com as bactérias, as formas de vida mais antigas do planeta. As doenças têm formas variadas, e as mortes podem ser provocadas tanto por uma enfermidade antiga quanto por um novo vírus.

Uma definição de epidemia é dada pelo infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor de "A Historia e Suas Epidemias", Stefan Cunha Ujvari: " são ocorrências de casos de uma doença em número superior ao esperado – esperado com base em cálculos, não em adivinhação."

Em muitos momentos da história, populações foram arrasadas por mortes em grande escala. A diferença em relação às epidemias atuais é que, antigamente, não eram conhecidas as causas de muitas doenças e não era possível, como hoje, fazer um trabalho preventivo.

"Hoje, com um mundo globalizado e grande acesso a informação e tecnologia, podemos controlar mais facilmente o desenvolvimento dos casos", explicou Ujvari em entrevista ao G1 por telefone.

Doenças como cólera, varíola, sarampo e gripe mataram milhões de pessoas em diferentes épocas e lugares. Confira algumas das piores epidemias da história:

Praga de Atenas

No verão de 430 AC, uma epidemia assolou a cidade grega de Atenas. O historiador Tucidides, que sofreu ele próprio da doença, descreveu na época os sintomas como 'calores na cabeça, inflamação nos olhos, dores na garganta e na língua'. A epidemia ocorreu durante o começo da guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta, e afetou o exército ateniense. De 25% a 35% da população de Atenas morreu vítima da doença.

Segundo o infectologista Stefan Ujvari, o que favoreceu as mortes foi a aglomeração de pessoas nos muros de Atenas por causa da guerra. "Isso funcionou como um caldeirão para a epidemia." Ele conta que a doença que provocou a praga ficou por muitos anos sendo um mistério. "Até que, há cinco anos mais ou menos, uma cova com corpos dessa época foi descoberta e, dentro dos dentes dos cadáveres, foi encontrado o material genético da salmonela."

Peste dos Antônios

Uma grande epidemia começou em 165 e no ano seguinte atingiu Roma, durando 15 anos. O nome era uma alusão à família que governava o império na época. Cerca de um terço da população morreu. No auge da epidemia, eram registradas quase duas mil mortes diárias em Roma.

Em 180, o próprio imperador Marco Aurélio foi morto pela doença. O médico Claudio Galeno descreveu na época a peste como tendo sintomas de febre, diarréia e erupções cutâneas.

Lepra na Europa medieval

Entre os anos 1000 e 1350, a lepra se desenvolveu na Europa. As vítimas sofriam lesões na pele, deformações e perda das extremidades. As pessoas eram isoladas e sofriam muito preconceito. Nessa época, muitos centros para leprosos foram criados, e a Igreja Católica controlava os doentes, sustentando que as lesões eram sinais de impureza religiosa. O doente identificado recebia uma cerimônia religiosa, a ‘missa dos leprosos’, em que ganhava trajes especiais e um instrumento sonoro para anunciar sua chegada a lugares públicos.

"Uma verdadeira perseguição aos leprosos ocorreu na época. Como a lepra não é uma doença altamente contagiosa, achamos que muita gente que tinha doenças de pele foi rotulada como tendo lepra", explicou Stefan Ujvari.

A pior de todos os tempos: a peste negra

Pior epidemia da história da humanidade segundo o infectologista, a peste bubônica matou um terço da população europeia. Com início em 1347, a doença se espalhou rapidamente, seguindo as rotas marítimas.

Em 1348, a doença já havia atingido as áreas mais densas dos mundos cristão e muçulmano. A peste chegou num momento de crise agrária e fome. Por volta de 1350, toda a Europa central e ocidental tinha sido afetada. Após essa grande epidemia, a doença não desapareceu e continuou provocando surtos de tempos em tempos.

Os sintomas da peste bubônica são mal-estar, febre, dores no corpo e inchaços do tamanho de um ovo, conhecidos como bubões. A coloração azulada que dá o nome à doença, ocorre pela falta de oxigenação da pele, pela insuficiência pulmonar.

Ratos com pulgas contaminadas pelo bacilo foram um grande fator de disseminação da peste na época. Segundo escreveu Ujvari em seu livro "A História e suas epidemias", "as epidemias encontram terreno propício nas regiões com aglomerações populacionais e condições precárias de higiene, em que ocorre grande proliferação de ratos dividindo espaço com os homens.”

Suor inglês: a doença misteriosa

A cidade de Londres foi alvo de uma epidemia no século XV. As características da doença eram febre intensa e calafrios. Em poucas horas, o paciente podia ter convulsões, entrar em coma e morrer. De cada três pessoas que apresentavam o sintoma, uma morria. A doença teve grandes surtos e chegou a atingir boa parte da corte de Henrique VIII. Cidades perderam quase a metade da população.

O ultimo surto da doença, em 1529, atingiu outros países, como Holanda, Rússia e Alemanha. Depois de um quinto surto, em 1551, quando matou 900 pessoas nos primeiros dias, a doença desapareceu completamente e permanece como um mistério ate hoje.

Cólera na era das máquinas

Hospital improvisado no Kansas, durante a gripe espanhola (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Em 1817, a cólera começou a se espalhar por áreas da Índia, onde já era endêmica. Alguns anos depois, atingiu o leste da Ásia e o Japão. Em 1820, Bangcoc, capital da Tailândia, reportou 30 mil mortes (numa população de 150 mil habitantes).

Dez anos mais tarde, em 1831, a doença chegou à Europa pela Inglaterra e atingiu os principais centros industriais e locais de moradia lotados, como cortiços. Durante a epidemia, quase 30 mil pessoas morreram no Reino Unido, a maioria pessoas pobres.

Gripe espanhola

Os soldados que lutavam nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial em 1918 enfrentavam não apenas o frio, a chuva, a lama e o inimigo. Nessa época, uma gripe mortal acometeu tropas inteiras e logo se espalhou para a população civil, matando de 40 milhões a 50 milhões de pessoas, primeiro na Europa e nos EUA, depois na Ásia e nas Américas Central e do Sul. Há relatos de pessoas que acordavam bem e, no final da noite, estavam morrendo – tão rápido era o avanço da doença.


No Brasil, a gripe espanhola, como ficou conhecida, apareceu no final do ano, quando marinheiros desembarcaram doentes após uma ida à África. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 65% da população adoeceu. “Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram”, diz o site da Fiocruz.

Gripe asiática

A doença atingiu a China nos anos de 1957 e 58 e chegou aos EUA matando mais de 70 mil pessoas. Diferente do tipo de vírus que causou a epidemia de 1918, esse era rapidamente identificado principalmente devido aos avanços da tecnologia médica. A Organização Mundial da Saúde estima que até 50% da população foi afetada, e a taxa de mortalidade era de uma pessoa a cada 4 mil. O numero de mortes no mundo passou de um milhão.

Gripe de Hong Kong

Nos anos de 1968 e 69, um outro tipo de gripe matou de 1 milhão a 3 milhões de pessoas - quase 34 mil só nos EUA e 30 mil na Inglaterra. Transmitida por aves, a doença matou em muito pouco tempo. Meio milhão de casos foram reportados em Hong Kong apenas nas duas primeiras semanas. A doença chegou nos EUA em setembro de 1968, por meio de soldados vindos do Vietnã. A vacina começou a ser fabricada dois meses após o surto.

Sars

A doença respiratória viral Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave) foi detectada pela primeira vez em fevereiro de 2003, na Ásia. Nos meses seguintes, se espalhou para mais de 12 países na América do Norte, na América do Sul, na Europa e na Ásia. A doença começa com uma febre alta e pode ter dores de cabeça, no corpo e mal-estar. A transmissão ocorre por contato próximo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, um total de 8.098 pessoas ficaram doentes no mundo, das quais 774 morreram. No mesmo ano a epidemia foi controlada.

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1101132-16107,00-NA+HISTORIA+DAS+EPIDEMIAS+ATE+SALMONELA+JA+FOI+GRANDE+VILA.html), em 07 de julho de 2009.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cientistas descobrem nova espécie de cobra-de-duas-cabeças no Cerrado

Animal, nativo de Goiás, apareceu durante obras de usina hidrelétrica.
Anfisbênios são grupo ainda pouco estudado de répteis.
A construção de uma hidrelétrica no sudoeste de Goiás acabou trazendo à superfície uma nova espécie de cobra-de-duas-cabeças, ou anfisbênio. Esses répteis, que passam a maior parte de sua vida debaixo da terra, ainda são relativamente misteriosos para os biólogos, e sua diversidade ainda é pouco conhecida -- tanto que muitas outras espécies ainda podem estar esperando para serem descobertas.

"Em regiões mais quentes eles parecem ser de difícil acesso, havendo poucos registros de encontros ocasionais para muitas das espécies de anfisbênios. Em lugares nos quais alguns meses do ano são mais frios, é possível encontrá-los mais facilmente perto da superfície para tentar se aquecer. No entanto, obras grandes para construções ou para abertura de áreas para plantio estão revelando animais desconhecidos com frequência no Cerrado e na Caatinga", contou ao G1 a bióloga Síria Ribeiro, doutoranda da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Ribeiro e seus colegas Alfredo Santos-Jr., também da PUC-RS, e Willian Vaz-Silva, da Universidade Federal de Goiás, descreveram formalmente o novo réptil em artigo na revista científica "Zootaxa". A criatura ganhou o nome de Leposternon cerradensis por ser, por enquanto, o primeiro membro de seu gênero, o Leposternon, a ser encontrado apenas no Cerrado. Os pesquisadores ainda não têm dados precisos sobre as profundidades que ele habita, sua dieta (provavelmente composta por pequenos insetos também subterrâneos, como formigas, cupins ou larvas deles) ou mesmo sua distribuição geográfica.

"Normalmente, o que acontece é que, quando a terra está sendo escavada durante determinada obra, os bichos são encontrados. Também pode acontecer de eles subirem à superfície quando o reservatório de uma hidrelétrica está se enchendo", fugindo da água, explica Ribeiro. Por isso mesmo, os biólogos acabam dependendo de um golpe de sorte (ou de azar, levando em conta a bagunça no habitat do animal) para conseguir observar as criaturas.

Foi Vaz-Silva, que acompanhava a construção da Usina Hidrelétrica de Espora no município de Aporé (GO), o responsável por recolher os espécimes da cobra-de-duas-cabeças durante um procedimento de resgate de fauna. "Ele me mandou as fotos e eu logo notei que se tratava de um bicho novo, porque morfologicamente ele é muito diferentes das outras espécies de Leposternon", diz a bióloga da PUC-RS.

Cabeças

Ribeiro explica que "cobra-de-duas-cabeças" está longe de ser um nome popular adequado. "Na verdade a cabeça verdadeira é bem característica. O problema é que as pessoas têm tanto medo de serpentes e assemelhados que não conseguem olhar direito", brinca. Bobabem: para humanos, os anfisbênios são inofensivos. Na verdade, o que confunde o observador casual, diz ela, além da leve semelhança no formato das duas extremidades, é o fato de que a locomoção do animal envolve o movimento de ambas as pontas do corpo, de forma que a cauda pode dar a impressão de ser a cabeça.

A nova espécie tem uma conformação especial da cabeça que faz com que ela funcione como pá, escavando o caminho adiante no subsolo. As principais diferenças do bicho em relação a seus parentes próximos estão em detalhes como as escamas da cabeça, nos chamados poros pré-cloacais e no número de meio-anéis dorsais e ventrais e anéis caudais que recobrem o corpo.

Os poros, como o nome diz, ficam perto da cloaca (abertura que, nos répteis, serve para todas as funções fisiológicas, como expelir urina e fezes e copular). "Não temos dados diretos sobre a função dos poros nessa espécie. Mas, em outros anfisbênios, estudos morfológicos indicaram que eles podem estar relacionados com a comunicação entre indivíduos da mesma espécie e de espécies distintas", diz Ribeiro.

A cor rosada do bicho não significa que ele seja albino, explica ela. "Ainda não sabemos muito a respeito disso, mas o Leposternon cerradensis compartilha com as demais espécies com poros a ausência de coloração escura, e essas espécies estão presentes, principalmente, em áreas abertas, podendo a coloração estar relacionada com o solo utilizado ou até mesmo um determinado ambiente", afirma a bióloga. É mais um mistério ainda não-elucidado sobre os anfisbênios, como o de sua distribuição geográfica -- ninguém sabe se as espécies encontradas num só lugar até hoje, como a nova, são mesmo únicas daquela região ou apenas muito discretas e comuns em outras.

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1171381-5603,00-CIENTISTAS+DESCOBREM+NOVA+ESPECIE+DE+COBRADEDUASCABECAS+NO+CERRADO.html), em 01 de julho de 2009.