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sábado, 28 de fevereiro de 2009

HIV evolui rápido para driblar resposta imunológica, diz estudo

Possível vacina teria de ser atualizada como a da gripe, diz pesquisador.

Um estudo envolvendo cientistas de vários países demonstrou que o vírus da Aids, HIV, está evoluindo rapidamente para driblar respostas imunológicas do organismo.
O trabalho, publicado pela revista científica Nature, sugere que, como acontece com o vírus da gripe, eventuais vacinas contra o HIV terão de ser constantemente atualizadas.

Os pesquisadores demonstraram que o HIV é capaz de se adaptar rapidamente para neutralizar moléculas do sistema imunológico controladas por genes conhecidos como Antígenos de Histocompatibilidade Humana (Human Leucocyte Antigen, HLA, na sigla em inglês).

O vírus já matou 25 milhões de pessoas no mundo e outras 33 milhões estão infectadas.

Mas o HIV não mata as pessoas com a mesma rapidez. Em média, sem tratamento, uma pessoa vive com o vírus durante dez anos antes de desenvolver a Aids.

Algumas desenvolvem a doença após 12 meses e outras após 20 anos.

O progresso da infecção está vinculado ao gene HLA, que controla a produção de importantes moléculas do sistema imunológico.

Seres humanos possuem quantidades diferentes do gene HLA e, mesmo variações mínimas, podem ter grande impacto sobre quão rapidamente a Aids se desenvolverá.

Os pesquisadores examinaram sequências genéticas do HIV e genes HLA em mais de 2.800 pacientes em vários países, entre eles, Grã-Bretanha, Austrália, África do Sul, Canadá e Japão.

Eles constataram que mutações que permitem que o HIV neutralize o efeito de um determinado gene HLA são mais frequentes em populações onde há grande incidência desse gene específico.

Por exemplo, uma forma do gene HLA chamada B*51 é particularmente efetiva em controlar o HIV - a menos que o vírus esteja equipado com uma mutação genética "de escape".

Em seus estudos, os pesquisadores constataram que, no Japão, onde o gene B*51 é bastante comum, dois terços da população infectada é portadora de uma variante do HIV equipada com a mutação.

Na Grã-Bretanha, por outro lado, onde o gene é muito menos comum, entre 15 e 25% dos pacientes são portadores do HIV que sofreu a mutação.

O responsável pelo estudo, Philip Goulder, da Universidade de Oxford, disse que resultados semelhantes foram vistos em cada tipo de gene HLA estudado.

"Isto mostra que o HIV é extremamente ágil em se adaptar às respostas imunológicas das populações", disse Goulder.

"Isto é evolução em alta velocidade que estamos vendo em um período de apenas duas décadas".

"A tentação é achar que isso é uma má notícia, que esses resultados significam que o vírus está ganhando a batalha".

"Não é necessariamente o caso. Pode ser que, da mesma forma, à medida em que o vírus muda, respostas imunológicas diferentes entrem em ação e sejam mais efetivas".

"A implicação é que, uma vez que tenhamos descoberto uma vacina efetiva, ela tenha de ser alterada frequentemente para acompanhar o vírus em evolução, assim como fazemos hoje com a vacina da gripe."

Fonte G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1019980-5603,00-HIV+EVOLUI+RAPIDO+PARA+DRIBLAR+RESPOSTA+IMUNOLOGICA+DIZ+ESTUDO.html), em 27 de fevereiro de 2009.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Pegadas de 1,5 milhão de anos indicam quando andar humano surgiu

Marcas achadas no Quênia são idênticas às deixadas pela nossa espécie.
Um dos principais sinais disso é a posição do dedão, junto do pé.Pegada está em areias do Quênia (Foto: Matthew Benett/Universidade de Bournemouth)
Pegadas descobertas por pesquisadores da Universidade de Bournemouth (Reino Unido) pode indicar que a maneira de caminhar dos humanos modernos tem pelo menos 1,5 milhão de anos. A análise detalhada das marcas, achadas no Quênia, indica que, por volta dessa época, os ancestrais do homem já mantinham seu dedão junto ao resto dos dedos do pé, ao contrário dos grandes macacos e outros hominídeos. O autor das pegadas pode ter sido o Homo erectus, segundo os pesquisadores. A pesquisa está na revista "Science".

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1019555-5603,00-PEGADAS+DE+MILHAO+DE+ANOS+INDICAM+QUANDO+ANDAR+HUMANO+SURGIU.html), em 27 de fevereiro de 2009.

Aprenda truques simples para resolver problemas tecnológicos

Dicas aumentam carga do celular e fazem cartucho da impressora render.
Veja também como proceder na próxima vez que o telefone cair na privada.
Por trás da caixa registradora da tabacaria no 2 no centro de São Francisco, Sam Azar passa o cartão de crédito de um cliente que compra cigarros turcos. A máquina de cartões da loja não consegue ler a faixa magnética. Azar passa de novo, e de novo, sem sucesso. Quando uma fila começa a se formar, ele pega um saco plástico embaixo do balcão. Embrulha o cartão com o plástico e passa de novo. Sucesso. A venda está realizada.


“Não sei como funciona, só sei que funciona,” diz Azar, que aprendeu o truque anos atrás com outro atendente. A Verifone, empresa que fabrica as máquinas leitoras, não confirma ou nega que o saco plástico funcione. Mas essa é uma entre muitas soluções de baixa tecnologia para falhas tecnológicas, que pessoas sem diplomas de engenharia descobrem, muitas vezes por desespero, e compartilham.

A instável economia atual faz com que a criação desses truques seja muito mais provável. “No Japão do pós-guerra, a economia não ia muito bem, e você não conseguia itens de uso diário como panos de limpeza,” diz Lisa Katayama, autora de “Urawaza,” um livro com nome emprestado de um termo em japonês que designa truques e dicas para um modo de vida inteligente. “Então as pessoas buscavam maneiras de se virar com o que tinham.”

O urawaza popular inclui recolher cacos de vidro do chão usando uma fatia de pão, ou colocar plantas numa fralda ensopada de água para mantê-las hidratadas durante uma viagem de férias.

Alguns truques, como o saco plástico de Azar, são abertos a discussões sobre seu funcionamento, ou se eles realmente funcionam. Mas muitas soluções tecnológicas caseiras podem ser explicadas por um pouco de ciência.

Carga de celular

Se o seu aparelho celular descarrega a bateria rápido demais enquanto permanece sem uso no seu bolso, parte do problema pode ser que seu bolso é quente demais.
“Baterias de telefone celular realmente duram mais se mantidas frias,” diz Isidor Buchanan, editor do site Battery University. O calor de 37 graus Celsius do corpo humano, transmitido através de um bolso de tecido para um celular dentro dele, é suficiente para acelerar os processos químicos dentro da bateria do telefone. Isso faz com que ela se esgote mais rapidamente. Para manter o telefone mais frio, carregue-o em sua bolsa ou no cinto.

Esse mesmo método pode ser usado para preservar sua bateria caso você se veja longe de casa sem o carregador. Desligue o telefone e deixe-o na geladeira durante a noite para desacelerar a tendência natural da bateria de perder sua carga.

Alarme do carro

Suponha que o alarme para abertura de seu carro não tenha o alcance para chegar ao veículo, do outro lado do estacionamento. Encoste a parte de metal de seu chaveiro no queixo e aperte o botão para destravar. O truque transforma sua cabeça numa antena, diz Tim Pozar, um engenheiro de rádio do Vale do Silício.

Pozar explica: “você está unindo o chaveiro à sua cabeça. Com todos os fluidos em sua cabeça, ela acaba sendo um bom condutor. Não é dos melhores, mas funciona.”

Cartucho de tinta seco

Se o cartucho de sua impressora acabar perto do fim de uma impressão importante, remova o cartucho e passe um secador de cabelo sobre ele por dois ou três minutos. Então coloque o cartucho de volta e tente imprimir de novo, enquanto ele ainda está morno.

“O calor do secador aquece a tinta endurecida e faz com que ela flua através dos pequenos bocais dentro do cartucho,” diz Alex Cox, engenheiro de softwares de Seattle. “Quando o cartucho está quase acabado, aqueles bocais muitas vezes ficam praticamente entupidos com tinta seca, então ajudar a tinta a fluir fará com que ela saia.” O truque do secador de cabelo pode conseguir algumas páginas a mais de um cartucho, depois que a impressora informou que ele está vazio.

Celular na privada

Poderia acontecer com qualquer um derrubar o celular na privada. Remova a bateria imediatamente, para evitar que curtos-circuitos elétricos fritem os frágeis componentes internos de seu aparelho. Então, limpe o telefone gentilmente com uma toalha e enterre-o num pote cheio de arroz cru.

sso funciona da mesma maneira pela qual você coloca alguns grãos de arroz em seu saleiro para manter o sal seco. O arroz tem uma grande afinidade química com a água – isso significa que as moléculas do arroz possuem uma atração quase magnética por moléculas de água, que serão sugadas pelo arroz ao invés de continuar dentro de seu telefone.

Trata-se de uma versão de baixa tecnologia dos pacotes dissecantes que algumas vezes vêm dentro da caixa do próprio telefone, para manter a umidade longe dos circuitos durante envio e armazenagem.

Maior alcance Wi-Fi

Se o seu roteador Wi-Fi não alcança o outro lado da casa, não saia correndo para comprar mais dispositivos wireless para esticar sua rede. Em vez disso, construa um refletor de ondas de rádio passivas de 15 centímetros de altura usando itens da cozinha, como uma folha de papel alumínio.

Siga as instruções em freeantennas.com/projects/template. Coloque o refletor finalizado – um pequeno e curvado pedaço de metal que reflete ondas de rádio assim como uma antena parabólica – atrás de seu roteador Wi-Fi. O refletor foca a energia do roteador em uma direção – diretamente à outra ponta da casa –, em vez de deixá-la dissipar sua força num círculo completo. Sem cabos, sem baterias, sem conhecimento técnico. Mas pode facilmente dobrar o alcance de sua rede.

Discos sujos

Você precisa limpar um CD ou DVD imundo, mas como é solteiro, não tem aqueles fluidos de limpeza da mamãe? Ensope um pano com vodka ou anti-séptico bucal.

O álcool é um poderoso solvente, perfeitamente capaz de dissolver impressões digitais e manchas da superfície de um disco. Uma garrafa de Listerine de R$ 10 no seu armarinho do banheiro pode fazer o serviço tão bem quanto uma garrafa de R$ 75 de fluido de limpeza de DVD. Além disso, esfregar sua cópia de “Rambo” com vodka, em vez de limpá-la com um fluidozinho, é muito mais másculo.

Flash demais

Se o flash embutido da câmera de seu celular é brilhante demais e deixa as fotos lavadas, prenda um pequeno pedaço de papel sobre o flash. Experimente com diferentes cores e espessuras de papel para reduzir o tom do flash, de superbrilhante a uma iluminação mais agradável para fotos noturnas.

Falha no disco rígido

Se – ou quando, melhor dizendo – o disco rígido de seu PC quebrar e não puder ser lido, não seja tão rápido em jogá-lo fora. Deixe-o no freezer durante a noite.

“O truque é uma técnica de recuperação real e comprovada, mesmo sendo um último recurso, para alguns tipos de problemas de disco rígido que, de outra forma, seriam fatais,” escreve Fred Langa em seu site Windows Secrets.

Muitas falhas de disco rígido são causadas por peças gastas que não se alinham mais corretamente, fazendo com que o disco não consiga ler os dados. Baixar a temperatura do disco faz com que seus componentes internos de metal e plástico se contraiam levemente. Retirar o disco do freezer e retorná-lo à temperatura normal pode fazer com que essas peças se expandam novamente.

Isso pode ajudar a libertar peças grudadas, explica Langa, ou pelo menos deixar um componente elétrico com falha dentro das especificações tempo o suficiente para que você recupere seus dados essenciais.

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1020332-6174,00-APRENDA+TRUQUES+SIMPLES+PARA+RESOLVER+PROBLEMAS+TECNOLOGICOS.html), em 27 de fevereiro de 2009.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Peixe de 380 milhões de anos já fazia sexo usando 'pênis', diz estudo

Pesquisadores australianos descobriram órgão e 'gravidez' em fósseis.
Trata-se do registro mais antigo de cópula entre vertebrados.
Pesquisadores do Museu Victoria, na Austrália, anunciaram nesta semana a descoberta de que os placodermos, peixes muito primitivos que viveram há quase 400 milhões de anos, já usavam um tipo de "pênis" para copular e geravam seus filhotes numa espécie de gravidez. A constatação veio da análise de fósseis com restos mortais de embriões em seu interior, bem como da presença de uma espécie de pênis duplo perto das nadadeiras dos bichos, bastante parecido com um órgão usado pelo mesmo fim pelos tubarões atuais. A pesquisa está na revista científica britânica "Nature".

Restauração mostra a criatura de cima... (Foto: J. Long/Divulgação)

... e em reconstrução mostrando sua parte de baixo: as estruturas finas e pontudas eram usadas no sexo (Foto: Peter Trusler/Museu Victoria)

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1019592-5603,00-PEIXE+DE+MILHOES+DE+ANOS+JA+FAZIA+SEXO+USANDO+PENIS+DIZ+ESTUDO.html), em 26 de fevereiro de 2009.

Floresta desmatada não recupera diversidade, diz MPEG

Após 40 anos, mata secundária só tem 35% das espécies originais.
Expectativa de vida desse tipo de vegetação, porém, é bem menor.

A constatação de que 20% das áreas desmatadas da Amazônia têm florestas em regeneração coloca o Brasil no centro de uma discussão internacional sobre o valor ecológico das florestas secundárias. Estudos de longo prazo realizados no nordeste do Pará por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) mostram que, mesmo após 40 anos em repouso, as florestas secundárias da região só recuperaram 35% das espécies arbóreas com mais de 10 centímetros de diâmetro que tinham originalmente.

Segundo cálculos do pesquisador Cláudio Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 132 mil dos 680 mil quilômetros quadrados de florestas derrubadas na Amazônia estavam em processo de regeneração até 2006. E, segundo especialistas, essas florestas podem até se transformar em florestas maduras, mas dificilmente recuperam a diversidade de espécies que tinham originalmente. Uma área de florestas secundárias (ou capoeiras) equivalente a tudo que foi desmatado na Amazônia nos últimos sete anos (de 2002 a 2008), suficiente para cobrir de mata os Estados de Pernambuco e Alagoas.

À primeira vista, pode parecer que sete anos de desmatamento foram “desfeitos”. Mas a simplicidade dos números esconde uma teia de fatores ecológicos altamente complexos. Além da regeneração, o tempo para regeneração é insuficiente. Segundo Almeida, a expectativa média de vida de uma floresta secundária na Amazônia brasileira é de apenas cinco anos, até ser cortada e queimada novamente. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1017140-5603,00-FLORESTA+DESMATADA+NAO+RECUPERA+DIVERSIDADE+DIZ+MPEG.html), em 26 de fevereiro de 2009.

Crianças sob medida


Hoje, já é possível selecionar embriões para evitar doenças genéticas e outras anomalias. Em breve, os pais também poderão decidir a cor dos olhos, dos cabelos e até alguns talentos do bebê. Estamos caminhando para um futuro de bebês customizados?

Quando os ingleses Kate e Charles* resolveram ter seu primeiro filho, em meados do ano passado, o histórico de doenças na família do casal os obrigou a pensar duas vezes.

Charles, que tem 28 anos, sabia que a sua avó, mãe, irmã e até uma prima haviam recebido, ainda na faixa dos 20 e poucos anos, o aflitivo diagnóstico de câncer de mama. Kate, 27, também descobriu que tinha casos semelhantes na família. "A chance de a primeira filha do casal nascer com predisposição a desenvolver a doença seria de 75%, caso o pai e a mãe tenham a mutação do gene que favorece o surgimento do tumor", afirma Salmo Raskin, diretor da clínica de aconselhamento Genetika e presidente da Sociedade Brasileira de Genética.

Na tentativa de gerar uma filha livre desses riscos, o casal recorreu a uma clínica de reprodução assistida, onde se submeteram a uma fertilização in vitro. O objetivo era selecionar um embrião que não contivesse a mutação do gene que favorece o câncer de mama, conhecido como BRCA1. "Nós sentimos que, se houvesse alguma maneira de eliminar isso do nosso bebê, esse era o caminho que deveríamos seguir", disse ela, em junho do ano passado, quando começava uma gestação altamente planejada. "Com isso, a menina passou a ter 10% de chance de ter a doença, como qualquer outra mulher", diz Raskin.

Deu certo. No dia 9 de janeiro passado, o nascimento da filha de Kate e Charles motivou empolgação na comunidade científica. Ela é a primeira criança inglesa com gene selecionado para reduzir o risco desse tipo de câncer - Austrália e Bélgica já haviam produzido crianças livres do BRCA1 alterado. O procedimento que pode garantir uma vida saudável à recém-nascida e que acena com um sem-número de possibilidades de escolhas para os pais surgiu no início dos anos 1990, mas é agora que vem ganhando espaço nas clínicas de reprodução assistida. Trata-se do diagnóstico genético pré-implantação de embriões, o DGPI. A sigla representa um conjunto de tecnologias para detectar genes cujas formas alteradas são responsáveis pelo aparecimento de desordens - como a doença de Huntington e a fibrose cística - ou identificar anomalias cromossômicas como a que causa a síndrome de Down, entre outras centenas de enfermidades. Em sua maioria, são doenças raras, graves e que podem ser fatais ou, no mínimo, debilitadoras. Até hoje, cerca de 2 mil nascimentos bem-sucedidos já foram realizados com essa técnica no mundo.

Em termos tecnológicos, o DGPI representa um salto considerável desde que a britânica Louise Brown, o primeiro bebê de proveta, nasceu, em julho de 1978. Naquele tempo e durante todos os anos 1980, as clínicas de reprodução assistida se limitavam a criar um embrião qualquer em laboratório e deixar a natureza cuidar do resto. Com as novas tecnologias, os cientistas têm a opção de tirar o "natural" da seleção e montar uma loteria só de bilhetes premiados.

Fonte Galileu (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG86212-7855-211,00-CRIANCAS+SOB+MEDIDA.html), em 26 de fevereiro de 2009.

'Bebês de proveta' podem correr mais risco de problemas de saúde


Aumento de probabilidade de doenças pode envolver até câncer e retardo.
Risco aumentado não parece muito grande, mas ainda assim preocupa.

Nos últimos 30 anos, a fertilização in vitro tem sido garantia de segurança. Milhões de crianças saudáveis nasceram e se desenvolveram normalmente. O primeiro bebê nascido pela fertilização in vitro, Louise Brown, em julho de 1978, agora tem sua própria filha, Cameron, de dois anos de idade, concebida sem essa técnica. No entanto, pesquisadores sempre se perguntavam se existiriam mudanças sutis num embrião desenvolvido, durante vários dias, numa placa de Petri, como acontece com os criados in vitro – e, caso existam, se essas mudanças teriam quaisquer consequências.

Agora, com novos estudos epidemiológicos e novas técnicas que permitem aos cientistas sondar os genes das células embrionárias, algumas respostas experimentais começam a surgir. O assunto não tem nenhuma relação com a possibilidade de uma mulher gerar gêmeos, triplos ou até óctuplos, como aconteceu na Califórnia. Em vez disso, ele envolve questionamentos sobre mudanças na expressão dos genes ou nos padrões de desenvolvimento, que podem, ou não, ficar óbvios no nascimento.

Por exemplo, alguns estudos indicam que é possível haver alguns padrões anormais de expressão genética associados à fertilização in vitro. Também é possível um aumento em distúrbios genéticos raros, porém devastadores, que parecem estar diretamente relacionados a esses padrões incomuns de expressão genética. Também parece haver um aumento do risco de parto prematuro e do nascimento de bebês de baixo peso para sua idade gestacional.

Em novembro, o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças publicou um artigo relatando que bebês concebidos através da FIV (fertilização in vitro), ou com uma técnica na qual os espermatozóides são injetados diretamente nos óvulos, têm um leve aumento no risco de vários defeitos congênitos, incluindo um buraco entre as duas câmeras cardíacas, lábios ou palatos fissurados, um esôfago desenvolvido de forma inadequada e má-formação retal. O estudo envolveu 9.584 bebês com defeitos de nascença e 4.792 sem tais distorções. Entre as mães dos bebês sem defeitos, 1,1% havia usado FIV ou métodos relacionados, em comparação a 2,4% das mães de bebês com deformidades congênitas. As descobertas são consideradas preliminares, e pesquisadores acreditam que a FIV não envolve riscos excessivos. Existe 3% de chance de qualquer bebê ter um defeito de nascença.

Questão real

No entanto, a questão real – quais são as chances de um bebê gerado por FIV ter um defeito congênito – não foi respondida de forma definitiva. Isso exigiria um estudo amplo e rigoroso, que acompanhasse esses bebês. O estudo do Centro oferece riscos comparativos, mas não absolutos.

Ainda assim, mesmo que os riscos aparentem ser pequenos, estudiosos da biologia molecular de embriões que se desenvolvem em placas de Petri afirmam desejar uma maior compreensão sobre o processo desenvolvido ali. Assim, poderiam melhorar o procedimento e permitir aos casais tomarem decisões mais bem-informadas. "Existe um consenso crescente na comunidade clínica sobre a existência de riscos", disse Richard M. Schultz, da Universidade da Pensilvânia. "Agora, cabe a nós descobrir quais são os riscos e se podemos fazer algo para minimizá-los."

Apesar das questões serem bem conhecidas, a discussão tem sido limitada a cientistas, disse Elizabeth Ginsburg, presidente da Sociedade para a Tecnologia da Reprodução Assistida. Ginsburg, diretora médica de fertilização in vitro do Hospital da Mulher e do Hospital Brigham, em Boston, afirma que os formulários de consentimento desses centros mencionam um possível aumento de risco envolvendo certos distúrbios genéticos raros. Porém, disse ela, nenhum dos pacientes foi dissuadido.

Richard G. Rawlins, diretor do laboratório de FIV e de reprodução assistida do Rush Centers for Advanced Reproductive Care, em Chicago, contou que, quando fala com pacientes, nunca ouve perguntas sobre o crescimento dos embriões no laboratório e as possíveis consequências. "Nenhum paciente jamais me perguntou algo" sobre isso, disse. Ele acrescentou: "Por isso, muitos médicos também não se perguntaram".

Dr. Andrew Feinberg, professor de medicina e genética da Universidade Johns Hopkins, ficou preocupado com a falta de informação sobre a FIV há oito anos, quando ele e um colega, Dr. Michael R. DeBaun, estudavam mudanças na expressão genética capazes de levar ao câncer.

O foco deles era em crianças com a síndrome Beckwith-Wiedemann, caracterizada por um risco de 15% de câncer de rim, fígado ou músculo, na infância; e um crescimento exagerado de células do rim e outros tecidos; além de outras anomalias, entre as quais se encontram: língua grande, defeitos na parede abdominal e baixos níveis de açúcar no sangue durante a infância.

Essa síndrome, segundo descobriram Feinberg e DeBaun, geralmente era causada por mudanças na expressão de um grupo de genes, e essas modificações também foram encontradas no câncer de cólon e de pulmão. Crianças com tais alterações genéticas tinham um risco de 50% de desenvolver câncer na infância. O risco normal é de menos de um em cada 10 mil crianças.

Os dois pesquisadores recrutaram crianças com o distúrbio, acompanhando-as em sua clínica. Então, várias mães envolvidas no estudo, que haviam realizado FIV, perguntaram aos pesquisadores: seria possível que os tratamentos de fertilidade tenham causado a síndrome Beckwith-Wiedemann?

Isso levou Feinberg e DeBaun a investigarem a prevalência da FIV e métodos relacionados nas gravidezes que resultaram em crianças com a síndrome Beckwith-Wiedemann. As conclusões deles, e a conclusão de pelo menos meia dúzia de outros grandes estudos, é que existiam cerca de dez vezes mais pais que haviam recorrido à FIV e outros métodos em relação ao esperado.

Retardo mental

Outro distúrbio causado pela expressão genética anormal, a síndrome de Angelman, também é suspeita de estar relacionada à FIV. Ela envolve retardos mentais graves, defeitos motores, incapacidade de falar e um comportamento sempre alegre. Esses distúrbios são raros. A Beckwith-Wiedemann ocorre somente uma vez a cada 13 mil nascimentos, e a Angelman ocorre uma vez a cada 10 mil nascimentos. Por que, perguntam os pesquisadores, embriões que crescem em laboratório dão margem a mudanças na expressão genética? Se essas mudanças existem, é possível alterar as condições laboratoriais para que elas não ocorram mais?

Um lugar para observar pode ser o caldo, conhecido como meio de cultura, no qual os embriões crescem. Desde o começo da FIV, os cientistas sabiam que a composição do caldo afetava a velocidade de crescimento do embrião, disse Rawlins. Eles sabiam que os embriões, tanto animais quanto humanos, cresciam de forma muito mais lenta no laboratório do que no corpo. Um aspecto oferecido pelo meio de cultura são substâncias químicas capazes de serem usadas com o objetivo de adicionar grupos químicos metil aos genes. A presença, ou ausência, de grupos metil podem controlar se os genes são ativos ou não, um processo conhecido como epigenética. Mudanças epigenéticas não somente causam distúrbios raros, como a síndrome Beckwith-Wiedemann, como também estão associadas a bebês de baixo peso e um aumento no risco de uma série de cânceres. Isso não significa que os embriões desenvolvidos em laboratório sofrerão esses efeitos, mas isso realmente levanta questionamentos sobre o que se conhece sobre esse procedimento.


Dr. George Daley, pesquisador da Faculdade de Medicina de Harvard e estudioso de células-tronco embrionárias, afirmou que as questões também se estendem a essas células, retiradas de embriões humanos e desenvolvidas em laboratório. Ele verificou mudanças epigenéticas em células-tronco, mas não tem certeza sobre o que elas significam. "Minha maior preocupação é que não temos informação suficiente, ou as ferramentas para medir a estabilidade epigenética", disse ele. "Pode ou não ser relevante para a segurança das células, mas eu suspeito que sim." Porém, descobrir o que, no meio de cultura, é capaz de afetar, de forma adversa, o crescimento e o desenvolvimento do embrião, pode não ser fácil, comentou Feinberg.


Ginsburg salientou que a Sociedade para a Tecnologia de Reprodução Assistida discutiu sobre a solicitação a centros de FIV para que informem quais meios estão sendo usados para desenvolver seus embriões. No entanto, disse ela, "os programas usam vários meios, e é muito comum que eles troquem de um para outro". Se embriões de ratos estão mais próximos de refletir o que ocorre com humanos, então não existe dúvida de que a expressão genética pode ser alterada pelo desenvolvimento de embriões em laboratórios, disse Schultz.

Roedores estranhos

Ele e vários outros pesquisadores passaram anos se perguntando se existiam mudanças na expressão genética em embriões de ratos desenvolvidos em laboratório. Elas existem, e dá para observar mudanças comportamentais nos roedores. Por exemplo, os investigadores deram aos ratos um teste que exigia lembrar o local de uma plataforma escondida sob água opaca. Os ratos de FIV não enfrentaram problemas para aprender onde a plataforma estava, mas tiveram mais chances de esquecer o que aprendiam, descobriu Schultz.

Em outro teste, para medir a resposta ao medo quando os ratos estão livres, os roedores de FIV tinham menos cautela e medo normais do que os ratos nascidos sem FIV. "Trata-se de mudanças", disse Schultz em relação ao resultado dos testes. "A única diferença é que eles foram culturados", significando que os ratos começaram como embriões em laboratório. Junto com mudanças comportamentais, havia mudanças na metilação dos genes – mudanças epigenéticas, como informou Schultz. "Suspeito que a manipulação e a cultura de embriões seja um fator contribuidor", acrescentou.

No entanto, acompanhar bebês depois da FIV ou da injeção intractoplásmica de espermatozóide não é fácil. Se qualquer problema surgir a partir de mudanças epigenéticas, eles podem não estar aparentes até a fase adulta, a meia-idade ou a velhice. "Quando você envia questionários, a tendência é que o casal que tenha tido um problema, ou que acredite ter um problema, respondam", disse Zev Rosenwaks, diretor do Centro de Medicina Reprodutiva e Infertilidade do New York Weill Cornell Center. Aqueles que não respondem tendem a ser os pais cujas crianças parecem estar bem, desviando os dados.

O grupo Rosenwaks pagou boa parte do estudo por conta própria. Eles concluem que "mesmo se existe um leve aumento nas anomalias, o índice não é muito alto em relação à população em geral". Outros, como Dr. Alistair Sutcliffe, da University College London, afirmam que o campo precisa urgentemente de informações sobres esses riscos. "Eu falo sobre esse assunto no mundo todo", ele disse. "Minhas conversas são baseadas na literatura conhecida. Tenho me tornado um pouco menos otimista em relação ao que sabemos sobre a saúde das crianças" nascidas após a FIV e procedimentos relacionados. "Obviamente, é necessário mais conhecimento", disse Sutcliffe. "O estudo perfeito ainda não foi realizado".

Fonte: G1 ( http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1018080-5603,00-BEBES+DE+PROVETA+PODEM+CORRER+MAIS+RISCO+DE+PROBLEMAS+DE+SAUDE.html), em 26 de fevereiro de 2009.

Eliminação de gatos invasores em ilha australiana leva a catástrofe ambiental


Sem os felinos, população de coelhos devastou vegetação do lugar.
Caso é lição para pesquisadores que tentam deter espécies exóticas.

Com seus duros e verdes penhascos e céus repletos de névoa, a Ilha Macquarie – na metade do caminho entre Austrália e Antártida – se parece com a Meca de um amante da natureza. No entanto, a ilha recentemente se tornou uma sóbria ilustração do que pode acontecer quando os esforços para eliminar uma espécie invasora acabam causando danos colaterais imprevistos.

Em 1985, cientistas australianos iniciaram um ambicioso plano: dizimar os gatos não-nativos que viviam nas colinas da ilha desde o início do século XIX. O programa começou por uma aparente necessidade – os gatos estavam caçando pássaros nativos. Vinte e quatro anos depois, uma equipe de cientistas da Divisão Antártica Australiana e a Universidade da Tasmânia relatam que a remoção dos gatos inesperadamente causou uma destruição no ecossistema da ilha.

Sem os gatos, os coelhos da ilha (também não-nativos) começaram a procriar descontroladamente, destruindo plantas nativas e enviando efeitos por todo o ecossistema. As descobertas foram publicadas online na revista científica "Journal of Applied Ecology", em janeiro. “Nossas descobertas mostram que é importante que os cientistas estudem todo o ecossistema antes de realizar programas de erradicação”, diz Arko Lucieer, perito em sensoriamento remoto da Universidade da Tasmânia e co-autor do estudo. “Não houve muitos programas que levaram todo o sistema em consideração. Você precisa entrar em modo cenário: ‘Se matarmos este animal, que outras consequências poderemos observar?’”

Caçadores de focas introduziram os coelhos na ilha Macquarie em 1878, compondo o problema das espécies invasoras na ilha de 40 km de comprimento. Em 1968, quando as autoridades introduziram um vírus fatal na tentativa de matar os coelhos, a população havia alcançado mais de 100 mil. A estratégia funcionou; na década de 1980, a população de coelhos havia caído para menos de 20 mil. Mas isso significava que os gatos, que dependiam dos coelhos para fonte de alimento, começariam a comer os pássaros marinhos em seu lugar.

Gatos mortos

Para avaliar as consequências da iniciativa de matar os gatos, a equipe de ecólogos comparou imagens de satélite tiradas da ilha em 2000, o ano em que os últimos gatos foram mortos, com uma série tirada em 2007. Quando as vegetações morrem, a aguda queda no conteúdo de clorofila reduz o reflexo da radiação infravermelha, de maneira que pode ser gravada.

“Você pode ver claramente a diferença entre plantas saudáveis e mortas em nossas imagens”, diz Lucieer. “A vegetação viva aparece como vermelho brilhante.” Os cientistas também estudaram detalhadamente lotes de terra para avaliar sua composição de espécies de plantas.

As imagens mais recentes do satélite revelaram uma paisagem completamente diferente. A grande população de coelhos havia destruído os exuberantes espaços gramados nas colinas costeiras, deixando-as nuas. Capins e ervas exóticas começaram a conquistar as colinas, formando uma densa rede de folhas e troncos que, em alguns lugares, evitavam o acesso dos pássaros marinhos nativos a locais adequados para ninhos.

Comum até demais

A ruína da Macquarie não é um incidente isolado; muitos outros programas de remoção de espécies já infligiram danos em ecossistemas próximos. Na Nova Zelândia, conservacionistas decidiram dizimar três espécies introduzidas com um programa – ratos, marsupiais e arminhos – ao envenenar os dois primeiros.

A ideia era que a operação de envenenamento eliminaria as populações de arminhos por associação, pois os ratos eram uma parte crítica da alimentação dos arminhos. Mas quando o plano teve início, no início dos anos 1990, os arminhos não desapareceram. Com a ausência dos ratos, eles começaram a caçar pássaros nativos e ovos de pássaros.

Similarmente, no oeste dos Estados Unidos, a remoção de arbustos exóticos ameaçou uma espécie em extinção de pássaros cantantes, o papa-moscas do sudoeste. Os arbustos, que suplantaram grande parte da vegetação nativa, sugam tanta água que constringem canais de rios e tornam o solo mais salgado, mas também oferecem um importante habitat de ninhos para o papa-moscas.

Em 2005, funcionários do Departamento de Agricultura começaram a soltar besouros desfolhantes para controlar as populações do arbusto. Em dezembro de 2008, o Centro pela Diversidade Biológica revidou, registrando uma nota de intenção para processar o departamento – por falhar em colaborar com o Serviço de Peixes e Vida Selvagem para encontrar uma maneira de proteger o papa-moscas.

Os cientistas que estudaram a Ilha Macquarie acrescentaram suas descobertas àqueles resultados anteriores e esperam que os ecólogos abordem os futuros esforços mais holisticamente, realizando amplos trabalhos de background sobre potenciais consequências da remoção de espécies exóticas muito antes de iniciar programas de matança.

Perdas e ganhos

“Houve centenas de esforços de erradicação de espécies invasoras, e a grande maioria resultou em claros ganhos de conservação”, diz Erika Zavaleta, ecóloga da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. “Mas a Ilha Macquarie é um novo e claro exemplo dos inesperados efeitos colaterais que podem ocorrer.”

Para evitar a piora nos problemas ao tentar solucioná-los, diz Zavaleta, os pesquisadores precisam planejar e monitorar como seu mantra. “Os cientistas precisam fazer a si mesmos perguntas vitais, como de que forma todas as espécies na ilha interagem entre elas.”

A Ilha Macquarie oferece uma chance de se fazer exatamente isso. Um novo programa de erradicação em planejamento tem como foco milhares de ratos, camundongos e coelhos. Na teoria, isso deve eliminar terríveis ameaças à fauna e vegetação locais, porque os coelhos acabam com os capins nativos e os ratos e camundongos comem os filhotes de pássaros marinhos. Mas desta vez, os administradores estão preparados para realizar correções de curso se as coisas não caminharem de acordo com o plano.

“Este estudo demonstra claramente que, ao fazer um esforço de remoção, você não sabe exatamente qual será o resultado,” diz Barry Rice, um especialista em espécies invasoras da organização Nature Conservancy. “Você não pode simplesmente entrar e fazer um único golpe cirúrgico. Qualquer tipo de ação que fizer seguramente causará algum dano.”

Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1018037-5603,00.html), em 26 de fevereiro de 2009.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cérebro humano está ''dentro dos padrões''

Estudo brasileiro também calculou o n.º de neurônios no órgão de vários primatas e aponta 14 bi a menos que os 100 bi citados para humanos
O ser humano tem um cérebro grande. Mas nada fora do normal. Segundo um estudo que está prestes a ser publicado por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a anatomia do cérebro humano obedece fielmente à uma regra de escala dos cérebros de primatas, não só em tamanho, mas também no número de neurônios - que, por acaso, é bem menor do que se imaginava.
"Não há nada fora do comum nos nossos cérebros", diz o pesquisador Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, que foi um dos responsáveis pelo estudo. "Nesse aspecto, o ser humano é um primata como outro qualquer."
A base do trabalho é uma contagem inédita de neurônios no cérebro humano. O número tradicionalmente citado na literatura é de 100 bilhões. Lent até usou isso como título de seu livro - Cem Bilhões de Neurônios, Conceitos Fundamentais da Neurociência, de 2001 -, mas depois descobriu que nunca havia sido feita uma contagem precisa. Resolveu, então, fazer uma, com a ajuda da colega Suzana Herculano-Houzel. A parceria deu origem a uma série de pesquisas publicadas nos últimos anos sobre os cérebros de roedores e primatas.
No estudo mais recente, a equipe usou uma técnica especial - desenvolvida no próprio laboratório - para dissolver os tecidos cerebrais e extrair apenas o núcleo das células que compõem o órgão. Contaram os núcleos e chegaram a um total de, aproximadamente, 86 bilhões de neurônios - 14 bilhões a menos do que os sempre citados 100 bilhões.
Outra surpresa foi o número de células gliais, um tipo de célula que dá suporte aos neurônios e pode estar envolvida também no processamento de informações. A literatura popular costuma dizer que o cérebro tem dez vezes mais células de glia do que neurônios - o que pode ter dado origem ao mito de que só usamos 10% do nosso cérebro. Mas os cientistas encontraram uma proporção de praticamente um para um.
Todos esses números, segundo Lent, são compatíveis com a "lei de escala" estabelecida em um estudo anterior, que comparou a massa e o número de neurônios do cérebro de seis espécies de primatas, como o mico e o macaco-prego. O que significa, segundo os cientistas, que a composição do cérebro humano está 100% dentro dos padrões para um primata do seu tamanho.
Se a comparação fosse feita com grandes primatas, como o gorila e o orangotango, os resultados seriam diferentes. Os pesquisadores especulam, porém, que o que está fora dos padrões é o corpo, e não o cérebro, desses grandes símios. Nesse caso, não seria o homem que tem um cérebro grande demais para o seu corpo, mas o orangotango e o gorila que têm um corpo grande demais para seus cérebros.
A pesquisa foi feita com quatro cérebros doados pelo Banco de Cérebros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os resultados do estudo, que foi tese de mestrado do aluno Frederico Azevedo, serão publicados na revista The Journal of Comparative Neurology.

Fonte: Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090219/not_imp326490,0.php), em 19 de fevereiro de 2009.

Brasil passa a produzir base para medicamento de diabetes


BRASÍLIA - O Brasil passará a produzir cristais de insulina, matéria prima para o medicamento usado no tratamento do diabetes. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (19) pelos representantes das farmacêuticas União Química e Biomm, em audiência com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. A nova unidade industrial será montada no Distrito Industrial JK, em Brasília. O investimento deve oscilar entre R$ 150 milhões a R$ 200 milhões.

De acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a produção nacional do medicamento significa o aumento da capacidade brasileira no campo da ciência, tecnologia e inovação no setor saúde. “Com a produção nacional, o Brasil se junta a um grupo de países muito restrito que detém essa tecnologia. A medida reduzirá a dependência brasileira de tecnologia”, destacou Temporão.

A expectativa dos empresários é que, em dois anos, o país produza 800 kg do medicamento, material considerado suficiente para atender toda a demanda nacional, além de permitir a exportação para outros países. Será a primeira na América do Sul a produzir cristais de insulina. 

Em 2009, o Ministério da Saúde importou 12,6 milhões de unidades de insulina, ao custo de R$ 69 milhões. Para Temporão, com o aperfeiçoamento do atendimento público aos diabéticos, o diagnóstico e o tratamento cada vez mais precoce, a tendência é o aumento de novos pacientes atendidos pelo SUS. “O diabetes é um problema de saúde pública crescente no mundo e no Brasil. A produção nacional deste insumo reduzirá o déficit comercial com a importação do produto”, afirmou. Em 2008, a balança comercial do setor saúde fechou o ano com déficit de US$ 6 bilhões. 

Em fevereiro de 2007, o presidente lançou uma ação para incentivar os investimentos em biotecnologia. A Política Nacional de Desenvolvimento da Biotecnologia, que identifica as prioridades e ações articuladas de governo, para incentivar os estudos científicos e a competitividade da indústria brasileira. 

Segundo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, a fábrica deve gerar 1.100 empregos já em abril deste ano. Com a inauguração da nova planta tecnologia da Biomm, que será construída ao lado do novo laboratório da União Química, o número de empregos diretos será ampliado em mais 500. “As empresas estão investindo de R$ 150 a R$ 200 milhões nesse projeto, gerando emprego e renda em um momento de crise mundial”, disse o governador.

As informações são da Agência Saúde

Fonte: Imirante (http://imirante.globo.com/plantaoi/plantaoi.asp?codigo1=191497), em 19 de fevereiro de 2009.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

MS recebe de volta 45 animais silvestres retirados do cerrado

CAMPO GRANDE - Araras, papagaios e jabotis vão voltar para a casa nesta quarta-feira. São 45 animais da fauna silvestre brasileira, nativos do Mato Grosso do Sul, que foram apreendidos no Espírito Santo e desembarcam na tarde de hoje no Aeroporto Internacional de Campo Grande.

Entre os animais repatriados pelo Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cereias), em Aracruz, estão oito Araras-canindé, 15 Papagaios-verdadeiros, dois Tucanos-toco e 20 Jabotis-piranga.

Todos são provenientes do cerrado e foram retirados irregularmente da natureza. A cada dez animais capturados na natureza, nove morrem nos primeiros dias de cativeiro.

De acordo com o Ibama, a necessidade destes répteis e aves serem enviados para Mato Grosso do Sul é imprescindível, pois estas espécies não ocorrem no Espírito Santo. As aves e répteis serão recebidos pelo Centro de Reintrodução de Animais Silvestres (CRAS) do Ibama.

Um biólogo do Cereias acompanhará os animais durante o transporte e a soltura em Mato Grosso do Sul. O Ibama alerta que manter animais da fauna silvestre brasileira sem a devida autorização do Ibama é crime ambiental grave. O responsável pela criação ilegal, além de ter todos os animais apreendidos, recebe multa e responde a processo criminal junto ao Ministério Público.

Fonte: O Globo (http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/02/18/ms-recebe-de-volta-45-animais-silvestres-retirados-do-cerrado-754469443.asp), em 18 de fevereiro de 2009.

Menino tratado com células-tronco desenvolve tumores


Descoberta de médicos israelenses lança dúvidas sobre segurança de tratamento.
- Um menino que recebeu um tratamento à base de células-tronco fetais para uma rara doença genética desenvolveu tumores, despertando dúvidas sobre a segurança do tratamento. 

O garoto, que hoje está com 17 anos, recebeu o tratamento pioneiro em 2001, em um hospital em Moscou. 

Ele sofria de ataxia-telangiectasia - uma doença genética que ataca a região do cérebro que controla movimento e fala - e recebeu injeções de células-tronco fetais no cérebro e no fluido da espinha dorsal. 

Quatro anos depois ele passou a se queixar de dores de cabeça e médicos do Centro Médico Sheba, em Tel Aviv, Israel, encontraram dois tumores benignos nos mesmos lugares onde haviam sido ministradas as injeções com células-tronco. 

O tumor removido da espinha continha células que não poderiam ter surgido dos tecidos do próprio paciente e, segundo um artigo escrito pelos médicos Ninette Amariglio e Gideon Rechavi, do Centro Médico Sheba, na revista PLoS Medicine, 

ele teria crescido a partir das células-tronco recebidas no tratamento. 

Estudos realizados em ratos de laboratório deram conta do surgimento de tumores depois de injeções de células-tronco. Demonstrou-se que o risco destes tumores pode ser reduzido se as células, que têm a característica de se transformar em outras, se diferenciarem antes de injetadas. 

Este, contudo, foi o primeiro exemplo documentado da ocorrência de tumores em um ser humano submetido a uma terapia com células-tronco fetais. 

Os autores do artigo levantam a hipótese de que a própria doença do paciente pode ter permitido o surgimento dos tumores porque pacientes com ataxia-telangiectasia costumam ter um sistema imunológico debilitado. 

Os autores do artigo dizem que embora o caso aponte para a necessidade de cautela na aplicação de terapia genética, "isso não implica que a pesquisa para tratamentos com células-tronco deva ser abandonada". 

Amariglio e Rechavi recomendam que são necessários mais estudos para verificar a segurança desse tipo de terapia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

PRF captura 404 animais em janeiro deste ano

Em 2008, o número de acidentes envolvendo animais na pista é considerado elevado.

O convênio realizado entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Secretaria Estadual de Transportes, visando a retirada de animais que perambulam pelas rodovias estaduais e federais, já tem registrados bons resultados. Teve início em setembro de 2008 com a publicação nos Diários Oficiais.

Segundo dados da PRF no período de 01/01/2009 a 31/01/2009 foram capturados 404 animais nas rodovias que cortam o Piauí. No mesmo período de 2008, o número de animais capturados foi de apenas 43, revelando assim o crescimento das apreensões. No ano de 2008, o número de acidentes em que o fator contribuinte foi o animal na pista chegou a 284, ou seja, representou 14% do número global que foi de 2.011 acidentes. Em janeiro de 2009, foram registrados 20 acidentes com o saldo de 03 feridos e nenhuma morte.

Deve-se ressaltar que a responsabilidade por manter os animais fora das vias públicas é do proprietário, cabendo a eles responder civil e criminalmente em caso de acidentes. Contudo, é atribuição dos órgãos de trânsito retirar os animais que estejam representando risco à segurança no trânsito. Por isso a PRF vem trabalhando diuturnamente na tentativa de conseguir reduzir os índices de acidentes envolvendo esses animais.

Fonte: Cidade verde (http://www.cidadeverde.com/geral_txt.php?id=33015), em 17 de fevereiro de 2009.

Vaticano alerta para eugenia em pesquisas genéticas



Monsenhor Rino Fisichella
CIDADE DO VATICANO - Um representante do Vaticano advertiu nesta terça-feira, 17, que avanços em testes genéticos estão criando uma lenta mas "inevitável" disseminação da eugenia - o esforço para melhorar a qualidade dos seres humanos controlando a hereditariedade.

 

Monsenhor Rino Fisichella fez a advertência ao descrever a próxima conferência do Vaticano, "As novas fronteiras da genética e o risco da eugenia", que começa na sexta-feira, 20.

 

Fisichella reconheceu que o termo eugenia remete ao passado, quando principalmente os nazistas usaram as teorias da eugenia para justificar esterilizações forçadas e outras práticas na busca pelo estabelecimento de uma "raça superior".

 

"O termo 'eugenia' parece ter sido relegado ao passado e apenas pronunciá-lo provoca horror", disse Fisichella. Mas ele disse que a mesma mentalidade está crescendo - "devagar mas inexoravelmente" - embora sob diferentes nomes, e escondida por campanhas publicitárias de interesses biomédicos.

 

"Enquanto pode parecer que não há lugar para isso em nossas sociedades democráticas que respeitam o princípio da pessoa humana, a eugenia está reaparecendo na prática e nas consciências."

 

O Vaticano se opôs, por exemplo, ao diagnóstico genético pré-implantação em embriões para a verificação de doenças hereditárias, porque esse procedimento normalmente resulta na destruição dos embriões. O Vaticano acredita que a vida começa na concepção.

 

Fisichella, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, disse que a conferência de dois dias, que será encerrada com uma audiência do papa Bento XVI, verificaria se há ações de eugenia entre os experimentos genéticos.

 

Fisichella reconheceu que avanços médicos que vieram com o Projeto Genoma Humano, que mapeou aproximadamente 25.000 genes em 2003, oferecem "possibilidades concretas" para evitar doenças genéticas. Mas ele alertou que muitas tecnologias estavam sendo desenvolvidas para oferecer uma vida normal para as pessoas, quando ninguém pode determinar o que é uma vida normal.


Fonte: Estadão (http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid325405,0.htm), em 17 de fevereiro de 2009.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cientistas desenvolvem hidrogel que só "ataca" célula cancerígena



Bilbao (Espanha), 16 fev (EFE).- Uma equipe de pesquisadores da Universidade do País Basco (UPB) desenvolveu uma nanopartícula que diferencia as células cancerígenas das saudáveis e deposita medicamentos apenas no interior das que se encontram "doentes".


Em nota, a UPV disse que a estrutura é um hidrogel insolúvel em líquidos que detecta as células cancerígenas porque o Ph destas é menor que o do sangue.


Segundo os pesquisadores, a nanopartícula é combinada com ácido fólico, graças ao qual consegue atravessar as membranas das células cancerígenas, e, uma vez dentro delas, se incha devido à diferença de Ph e libera a droga.


Até agora, o problema no uso desta técnica era o tamanho das partículas, que tinham que ser pequenas o suficiente para não obstruírem as veias e artérias.


A equipe da faculdade de ciência e tecnologia da UPV desenvolveu hidrogéis minúsculos e de tamanho homogêneo, que atualmente estão sendo testados pelos pesquisadores das faculdades de medicina da Universidade Complutense de Madri e da Universidade do País Basco. 


Fonte: G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1004266-6174,00-CIENTISTAS+DESENVOLVEM+HIDROGEL+QUE+SO+ATACA+CELULA+CANCERIGENA.html), em 16 de fevereiro de 2009.