Água em que vivem é extremamente salgada e sem oxigênio algum.
Quase meio quilômetro de gelo na cabeça, sal a dar com o pau e zero oxigênio. O cenário pode parecer inóspito, mas não para a comunidade de bactérias que habita o fundo da geleira Taylor, na Antártida Oriental. Pesquisadores americanos conseguiram analisar a salmoura que sai debaixo do bloco de gelo e determinaram que se trata de um grupo muito "saudável" de microrganismos, utilizando o ferro e o enxofre do local para se reproduzir há pelo menos 1,5 milhão de anos.
A pesquisa, que está na edição desta semana da revista especializada "Science", foi coordenada por Jill A. Mikucki, da Universidade Harvard (Costa Leste dos EUA). A cientista e seus colegas explicam que a salmoura debaixo da geleira é o resto de um braço de mar que foi engolfado por causa de mudanças geológicas na Antártida. No entanto, bactérias de origem marinha ficaram presas nessa água, que foi se tornando cada vez mais salgada. Em episódios cuja razão ainda não é bem conhecida, essa salmoura às vezes "vaza" debaixo da geleira. Em contato com o oxigênio do ar, ela forma óxidos de ferro, que dão ao vazamento a cor avermelhada acima.
Apesar do isolamento, do frio e da completa falta de oxigênio, os micróbios conseguem usar elementos na água e na rocha debaixo da geleira para sobreviver e prosperar. As condições lembram vagamente as existentes em locais como Europa, a lua gelada de Júpiter que possui um oceano debaixo de uma grossa camada de gelo. Se a vida consegue se estabelecer em locais como essa geleira, não é impossível que ela também floresça em Europa e em outros lugares remotos do Sistema Solar.
(http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1087949-5603,00-MICROBIOS+NA+ANTARTIDA+AUMENTAM+CHANCES+DE+ENCONTRAR+VIDA+EXTRATERRESTRE.html), em 18 de abril de 2009.
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